terça-feira, 9 de agosto de 2016

Alto astral, grandes encontros musicais, repertórios primorosos, presença marcante do público e apresentações inesquecíveis marcaram os três dias de atrações dedicadas à música na programação da 8ª edição do Lençóis Jazz & Blues Festival, no Circuito Barreirinhas. O evento foi encerrado com o público pedindo bis ao
guitarrista piauiense André de Sousa. O animado e performático blues man apostou no blues de raiz, com inspirações em Robert Johnson (“Sweet Home Chicago”), Luiz Gonzaga (“Respeita Januário”) e Stevie Wonder (“Superstition”), e repetiu os feitos de Sérgio Galvão, Carlos Malta e Rodrigo Nézio, nos dias anteriores: cantou, tocou, brincou e fez a plateia se levantar e dançar na frente do palco. 

A energia contagiante de André de Sousa foi uma das surpresas reservadas pelo músico. A primeira delas veio logo no começo do show, com algumas faixas autorais do artista. “Mojo Mood”, “Scootch No Breu” e “Esse Blues é Pra Você”, inéditas para o público de Barreirinhas, foram recebidas com vários sorrisos e passos de dança. E foi dançando e cantando que a plateia correspondeu ao dueto inesperado formado pelo piauiense e o sergipano Mestrinho. Como bons nordestinos que são, nem precisaram de ensaios para misturar blues com baião e encantar. Por outro lado, Barreirinhas, o evento e o público multicultural atento, sensível e educado, também encantaram o artista. “Este show foi muito acima da minha expectativa. A banda toda sentiu que seria um show muito bom. E de fato foi. O festival está de parabéns”, elogiou o piauiense, que disse mais: “Eu quero voltar mais vezes”.

Da dobradinha com André de Sousa para a apresentação em duo com Nicolas Krassik, o grande Mestrinho mostrou no palco o poder da sanfona – em sintonia com a efervescência musical transmitida pelo violino “popular” do francês. Dialogando durante todo o show com a plateia, a dupla equilibrou o repertório com canções como “Nilopolitano”, de Dominguinhos, “Formosa”, de Baden Powell e Vinicíus de Moraes, “Linha de Passe”, de João Bosco e Aldir Blanc, e “Diabinho Maluco”, de Jacob do Bandolim e faixas autorais, como “Um sorriso de Esperança”, “Em Minha Alma”, ambas de composição do nordestino, e “Serelepe”, do músico parisiense.

No palco, Mestrinho comentou sobre o “exército de dois homens sós” protagonizado por ele e Krassik. “É pouca gente para tocar, mas a gente faz um barulhinho”. E que “barulho bom”: a plateia não se limitou em apenas cantar, mas em dançar, principalmente, quando o duo tocou forró de “Feira de Mangaio”, do mestre Sivuca. Estreante no evento (Mestrinho já havia tocado no festival em parceria com Zé Américo), Krassik reforçou a importância do festival ao apresentar um novo cardápio musical à comunidade de Barreirinhas e destacou ainda o calor do público com os músicos. “Este festival é uma oportunidade muito boa para a comunidade que nunca teve acesso a este tipo de música. E eles tem esse calor humano que é muito alegre. Foi sensacional”, comentou.

Também emocionante foi o show do cantor e compositor maranhense Marconi Rezende, que abriu a noite deste domingo (07/08) com um setlist especial para o festival com canções autorais e charmosas interpretações de canções de Chico Buarque. Entre elas, faixas que marcaram história, como “Construção”, “Roda Viva” e “O Que Será”. Participar do festival pela primeira vez foi uma experiência desejada, mas também um grande desafio na carreira do artista que só havia participado de pequenos festivais competitivos. Mas Marconi Rezende venceu o nervosismo e fez um show cativante que contou com a participação do público que pediu bis. “Foi maravilhoso. Eu estava um pouco nervoso, mas consegui fazer um grande show. As pessoas gostaram. Foi muito bacana. Este festival é importante porque ele reúne  grandes músicos brasileiros em um só lugar e esse contato com eles é muito bom”, comentou o artista.

No sábado (06/08), quem fechou a noite do festival foi o cantor e compositor carioca Paulinho Moska, que apostou no formato voz e violão e conquistou o público de cerca de sete mil pessoas com canções autorais como “Tudo o que acontece de ruim é para melhorar”, “A seta e o alvo”, “Pensando em você” e “Enrosca”, de Fábio Júnior.  Antes, o charme rock ‘n’ roll, do mineiro Rodrigo Nézio agitou o público que ainda estava meio hipnotizado pela excelência e versatilidade musical do brasiliense que mora em Paris e tem raízes maranhenses (o pai e o avô), Sérgio Galvão e o seu saxofone. 

Na sexta-feira (05), a voz magnífica e poderosa da maranhense Camila Boeuri fechou a noite, com uma viagem pelo universo musical que percorreu canções da inglesa Adele a Aretha Franklin. A voz doce de Liz Rosa veio antes, encarnando referências à Elis Regina e cantando clássicos de Djavan, Gilberto Gil, entre outros, com direito à uma participação especial de Tássia Campos. Abrindo as apresentações musicais do festival, o talentoso músico Carlos Malta divertiu a todos e, ainda, homenageou Barreirinhas, com uma faixa composta no palco e, inspirada no sopro dos ventos no Rio Preguiças, intitulada “Lençóis”.

Programação Paralela- Antes dos shows musicais, na sexta-feira, ocorreu a oficina de canto ministrada por Liz Rosa, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Igreja Matriz). No dia seguinte, no mesmo local, Sérgio Galvão foi o responsável pela Oficina de Saxofone.

No período da tarde, dividida em dois dias, ocorreu a Oficina de Fotografia de Celular, ministrada pela dupla Márcio Melo e Marco Aurélio Nogueira da Silva, do Clube de Fotografia Poesia do Olhar, também no salão paroquial da Igreja Matriz. Já no piso térreo, ocorreu a palestra Políticas Públicas do Ministério da Cultura, ministrada por Yuri Sampaio Cartellato Logrado, representante regional do Nordeste do Ministério da Cultura do Maranhão (MinC-MA). De acordo com a organização, cerca de 200 pessoas participaram da programação paralela, entre oficinas e palestra.

Outra novidade da programação do festival em 2016 foi a exposição fotográfica “Música no Olhar”, que foi realizada durante todos os dias do evento, na Praça do Trabalhador aberta ao público. O evento também contou três jams sessions  que animaram as madrugadas no restaurante Terraço Gourmet – com a reunião de grandes artistas locais e nacionais e um grande público.

Diversidade- Pessoas de diferentes partes do Brasil e do mundo compareceram ao evento, com uma presença em massa de artistas maranhenses. Como foi o caso da cantora Sandra Duailibe. “Eu saí de Brasília para vir conferir este festival. Eu tenho o maior orgulho de ser maranhense. E este festival é extremamente importante porque ele reúne artistas de renome nacional e internacional, sem jamais esquecer os artistas da terra”, revelou a artista.

Do Piauí para o Maranhão, a universitária Maria Eduarda revelou que o crescimento do festival é tão grande que as notícias sobre ele são populares no Estado vizinho. “Vim à convite de uns amigos que vieram no ano passado, e falaram pra gente que seria muito bom. E foi. Atendeu todas as nossas expectativas”, disse.

As do município também. Os meios de hospedagem de Barreirinhas ficaram lotados e o evento deu grande visibilidade à cidade que contou com um grande número de jornalistas que cobriram todos os dias do festival e que ainda produzirão materiais especiais sobre o evento e as belezas do local. 

O sucesso do Circuito Barreirinhas 2016 foi comemorado pelo produtor do festival Tutuca Viana. “Toda vez a gente se surpreende. Este ano, não foi diferente. Cerca de 12 mil pessoas participaram do festival. Isso é uma prova de que a cada ano o festival cresce e de que estamos interferindo positivamente na comunidade local”, analisou e complementou: “O festival não é só festa. Ele traz conhecimento para quem quer aprender e isso é um dos nossos grandes legados. Estamos muito felizes e prontos para o Circuito São Luís”, acrescentou.

CIRCUITO SÃO LUÍS
No próximo fim de semana, nos dias 12 e 13 de agosto, a oitava edição do festival chega a São Luís. E o grande palco do evento será mais uma vez a Praça Maria Aragão, onde ocorrerão seis shows de grandes artistas. Na sexta (12), quem abre a programação, às 20h, é o músico Ademir Júnior Quarteto e o saxofonista francês Baptiste Herbin, como convidado especial. Em seguida, se apresentarão Filó Machado e Felipe Machado, às 21h15, e o grupo vocal Boca Livre, encerrará a programação do primeiro dia, às 22h15.

No sábado (13), segundo e último dia do festival, será a vez de Ronald Santos e Quarteto, às 20h; de Gilson Peranzetta e Trio, às 21h15; e da cantora americana Whitney Shay, que contará com a participação luxuosa de Igor Prado e banda, às 22h15.

Assim como ocorreu no Circuito Barreirinhas, São Luís também receberá uma programação paralela. Ela será iniciada nesta quinta-feira (11), com a Oficina de Violão ministrada por Filó Machado e Felipe Machado (SP), das 16h às 18h, no Auditório da Escola de Música do Estado do Maranhão - Lilah Lisboa, localizada à Rua da Estrela, 363 - Praia Grande, no Centro Histórico de São Luís.

Já na sexta (12), será realizada a Oficina de Música e Canto, que será apresentada pelo grupo vocal Boca Livre, do Rio de Janeiro. A oficina ocorrerá das 9h30 às 12h, também no Auditório da Escola de Música do Estado do Maranhão.

De Barreirinhas para São Luís, a exposição fotográfica “Música do Olhar” expõe o universo da fotografia, também, na capital maranhense, entre os dias 12 e 13 de agosto, na Praça Maria Aragão.

A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO FESTIVAL- você confere no site  www.lencoisjazzeblues.com.br e nas suas redes sociais: Twitter (@lencoisfestival), Instagram (@lencoisfestival) e Facebook (LencoisJazzBluesFestival).

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