quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Para o presidente-executivo da INMA, Earl Wilkinson, da mesma maneira que avançar nos meios digitais desafia os grandes jornais, veículos que já nasceram na internet enfrentam dificuldades, como perda de audiência e de receitas publicitárias.
— Creio que, daqui a alguns anos, em 2020, as duas pontas da corda (jornais e veículos digitais) vão se encontrar. E a única coisa que irá diferenciá-los é o impresso. A ponta digital terá descoberto que um fator-chave para gerar receitas publicitárias é o impresso — afirmou Wilkinson.
Para os executivos de grandes jornais brasileiros, que debateram a questão, o desafio nesse processo, hoje, é encontrar o melhor meio de remunerar sua produção de conteúdo.
— As relações vão mudar muito em forma e tamanho, mas sempre o jornalismo vai ser a prioridade. Hoje, temos diferentes modelos de negócios (para sustentar essa estrutura) e há um debate intenso sobre a melhor solução, que não vai ser única — opinou João Caminoto, diretor de jornalismo do Grupo Estado.
Como exemplo, ele citou as opções de se cobrar pelo acesso na internet, ou deixá-lo aberto a qualquer interessado e outras formas de assinatura.
Em outra frente, Sergio Dávila, diretor de redação da Folha, disse que, para lidar com o encolhimento das redações, que deve continuar em razão das perdas de receitas, as parcerias com conteúdos especializados podem suprir essa lacuna. No caso da Folha, a opção foram acordos com a revista “Piauí”, a agência Lupa e a BBC.
— Esse modelo deve ser intensificado em um momento de alta demanda jornalística, mas de redações mais enxutas — acrescentou Dávila.
EXPLORAR AS FERRAMENTAS
No entanto, ele alertou que, embora as redes sociais ajudem a melhorar a audiência, não há uma contrapartida em termos de receita e isso deve ser avaliado.
— Essa é uma discussão ausente no Brasil. Isso precisa acontecer em pé de igualdade com esses nossos parceiros que também são nossos competidores — disse, acrescentando não saber se o Facebook conseguiria manter um grande volume de usuários conectados se não houvesse notícias.
Para Chico Amaral, editor-executivo do GLOBO, o desafio é fidelizar o leitor, para que ele consuma mais notícias no mesmo veículo. Para isso, diz, é importante trabalhar com as diferentes ferramentas existentes.
— A notícia é uma commodity, mas é preciso ser diferente e com profundidade. Pensar o tempo todo em como trabalhar a mesma notícia nas diferentes plataformas — afirmou, citando como exemplo os especiais da Olimpíada e do impeachment, com conteúdos exclusivos para o digital.
Ricardo Gandour, jornalista e pesquisador da Columbia University, apresentou sua pesquisa “O Jornalista pós redes sociais” e mostrou que as informações chegam mais rápido e de forma cada vez mais fragmentada ao leitor/usuário.
— É preciso consolidar esse material e apresentá-lo de uma forma “inquebrável”, com a construção de novas narrativas que consolidem a informação de forma integrada e deem uma experiência contínua ao leitor — disse, acrescentando que recursos como vídeo não podem mais ser vistos como complementos e sim como uma ferramenta para contar a história.
Wilkinson, da INMA, lembrou que a publicidade se baseia em audiência e não em impressões, e que, por isso, é importante investir em dados sobre os leitores, para saber seus hábitos e o que o fideliza.
—A boa notícia é que, em quatro anos, a produção de notícias vai triplicar — afirmou.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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