sábado, 27 de agosto de 2016
A Semana de Cultura Popular do Maranhão encerrou sua programação nesta sexta-feira (26) com o lançamento do documentário “Memória Audiovisual de eventos da Superintendência de Cultura Popular”, um registro de todas as edições da Semana de Cultura Popular, realizadas ao longo do tempo. O evento, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), está sendo realizado no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, na Praia Grande.

O documentário “Memória Audiovisual” é o resultado de um trabalho que reúne imagens da história de todas as edições da Semana de Cultura do Maranhão. “É um resgate e salvaguarda desse tesouro cultural que existe aqui, e todo esse material nós estamos disponibilizando para as pessoas interessadas”, ressaltou Alaim Moreira Lima, superintendente de Cultura Popular da Sectur.

Além do lançamento do documentário, o evento fechará a programação com apresentação de grupo de bumba meu boi de orquestra, a partir das 18h, no pátio do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, na Praia Grande.

Com o tema “Memória Documental – Um Instrumento da Superintendência de Cultura Popular pela Preservação da Cultura do Maranhão”, a Semana contou com exposições, rodas de conversas e atrações culturais.

O Santo Dá Licença

Na quarta-feira (24) a roda de conversa “O Lúdico no Religioso – Quando o Santo Dá Licença para Brincar” marcou o segundo dia da Semana. A roda de conversa teve como conferencista a pesquisadora e antropóloga Cláudia Gouveia e os mestres Dona Graça e Edivan.

Cláudia Gouveia comentou sobre a simbologia da festa do Divino e defende a tese que o sincretismo religioso é um conceito ocidental. “Tendo como base a religião de matriz africana, as nossas casas são casas de festa que acontecem dentro de uma construção coletiva, que tem como códigos a ancestralidade, a fé e devoção, mas sem procurar entender o que é sagrado e o profano”, acredita.

Já os mestres Dona Graça e Edivan fizeram um registro oral, baseados na vivência, preservação e valorização da Festa do Divino. Questionado sobre o seu envolvimento como organizador da Festa do Divino do Cururuca, herdado pela avó, e a relação com o universo feminino das caixeiras do divino, Edivan falou do orgulho que tem em participar do ritual juntamente com as caixeiras.

“Existe uma mística que o toque de caixa do divino é exclusivamente das mulheres. Eu quebrei essa mística influenciado e convivendo com a minha avó e com a mestra Dona Fausta, amiga da minha avó, e todas as caixeiras com quem eu tenho contato. É um orgulho para mim tocar caixa do divino. E existe um respeito mútuo. Tocar caixa também faz parte do universo masculino. Tudo é uma questão de você se permitir”, afirmou.

Reconhecimento

O gestor de Patrimônio Cultural e Imaterial da Sectur, Neto de Azile, presente no evento, garantiu a aprovação de um projeto de Lei do Governo do Estado, encaminhado à Assembleia Legislativa, criando dois Editais, cujo objetivo é premiar os mestres e mestras da Cultura Popular do Maranhão, além de reconhecer pessoas que desenvolvem trabalho de pesquisa de preservação do Patrimônio Cultural existente no Estado, em suas diversas linguagens. Segundo Azile, os editais estão em processo de análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ-AL).

No final do dia, houve apresentação do Carimbó das Caixeiras. De acordo com os pesquisadores, é uma dança-brincadeira das Caixeiras da Festa do Divino Espírito Santo do Maranhão, realizada após a derrubada do mastro, quando se reúnem para tocar caixa e dançar – para “vadiar”, como elas dizem.

Terreiro

Na quinta-feira (25), terceiro dia da Semana de Cultura do Maranhão, houve roda de conversa com o tema: Festa de Santo em Terreiro - São Luís Rei de França e Festa de São Benedito/Averequete, com o pesquisador Sebastião Cardoso e o mestre pai Mariano. O encerramento ficou por conta da apresentação do grupo de dança de terreiro Ylê Axé Toy Bedigá.

0 comentários:

Postar um comentário