1948 - Foto rara do belo prédio do famoso Ferro de Engomar, na bifurcação entre a  Magalhães de Almeida e a antiga Rua Formosa, hoje Afonso Pena.  

Na época da foto, vendia-se ali todo tipo de ferragens e todo tipo de tudo, para uma casa e seus moradores. Escápulas (armadores de rede) cruzetas (cabide para roupas) enxadas, chamatós (tamancos) moedor de carnes, serrotes, fogareiros (pequena churrasqueira) e até ferros de engomar (ferro de passar roupas ) com seus devidos depósitos para carvão, eram de todos os tamanhos, com seus genuínos cabos de madeira de lei.

O saudoso comércio ficava na praça João Lisboa, logradouro que hospedava também o pitoresco Abrigo Central. Não havia qualquer possibilidade de, após uma compra ou noitada mais longa, não fazer um lanche no velho abrigo, com a especialidade  no cardápio principal o requisitado pãozinho com queijo amassado na chapa acompanhado de um ovo frito malabarista de uma velha frigideira que o lançava constantemente para cima em vertiginosos saltos mortais, sem que caísse nem uma só gota do grosso óleo no qual era feito, ambos com a luxuosa companhia do melhor caldo de cana já provado no Brasil. 

Também ali pertinho as pessoas podiam tomar uma cerveja bem gelada e atualizar os papos com os amigos no Moto Bar, o mais famoso da cidade. Políticos, fofoqueiros, bêbados, ricos e mendigos frequentavam suas dependências. 

Não era um local para "moças de família". Funcionava principalmente para uma prévia do que viria a seguir: descer a Rua 28 de julho e frequentar A Maroca uma espécie de “Bataclã” para os senhores de respeito da cidade, local de extremo luxo para que homens sérios pudessem  conversar e trocar ideias (e o óleo) na companhia dos mais respeitáveis pais de família. Parece um mundo virtual, mas um dia foi muito real.

Fonte: Redes sociais/internet